sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Amor no "Verão"



Esta história é "irreal" mas, poderia pertencer a qualquer mortal.

O autor escusou-se a ser mais explícito quanto às descrições sobre os encontros amorosos porque se pretende que este blogue seja sério.

Se alguém conhecer uma história assim, não me conte.


Ele estava entre os trinta e quarenta, a sua vida seguia rotineira e sem "sabor" quando, numa manhã fria e soalheira de Janeiro, os seus olhos cruzaram-se com os dela. Fulminante! Que olhar luminoso! Dos seus olhos saiam raios de luz que iluminavam tudo à sua volta... Ele nunca tinha visto nada assim.

Quando ela saíu do carro, viu o seu porte atlético e esbelto, postura muito direita, cintura fina e longos cabelos cor de amêndoa. O "Verão" para ela já tinha começado há mais tempo, ainda assim, estava muito fresca e viva, deslumbrante!

Sentiu tanta vontade de lhe falar, conhecê-la, saber quem era e o que fazia; saber o segredo do seu olhar. Queria entender como era possível ser assim tão luminoso. Ficou maravilhado, não conseguia esquecer aquele olhar....

Esgotando todas as suas "habilidades", conseguiu contactá-la. Ela atendeu com muita surpresa e curiosidade; também ele não lhe tinha passado despercebido.

Após vários dias a trocarem correspondência, decidiram encontrar-se. Estava muito entusiasmado e assustado; afinal, pouco sabia da vida dela.

Quando se encontraram, foi mágico para ele, aquilo não estava a acontecer; era bom de mais para ser verdade... Falaram demoradamente, tentaram conhecer-se melhor, esclarecer dúvidas. Tentava saborear cada momento, sentia-se tão à vontade com aquela "Deusa" que parecia que a conhecia há séculos.

Ela era tão sensual que irradiava sexualidade pelos poros da pele e fê-lo atingir picos de desejo jamais alcançados! Estava tão excitado que doía...

Por entre palavras doces e elogios, tentou avançar ao que ela se mostrou firme; era o primeiro encontro, dizia, nada sabiam um do outro. Ele dava-lhe razão mas, não parou de insistir.

Depois de uma hora ou duas, que lhe pareceram breves instantes, ela disse-lhe: "só se for um beijo". O coração não podia acelerar mais, batia tanto que lhe apertava o peito e fazia um nó na garganta.

Dentro do carro, no meio de uma avenida iluminada por luzes suaves, ele esqueceu tudo o que os rodeava e aproximou-se da boca dela. Após breve toque de lábios, deram início a um longo beijo... Não queria acreditar; aquela mulher escultural e de olhar luminoso tinha uns lábios tão macios, uma língua aveludada e tão doce que... ele queria parar o tempo; queria ficar ali eternamente.

Colocou-lhe uma mão na face, acariciou-lhe suavemente a orelha e a nuca ao mesmo tempo que as línguas se entrelaçavam. Maravilhoso, pensava. Irreal! Divinal!

Sem dar pelo tempo passar, chegou a hora de se despedirem. -Voltarei a vê-la? Pensava. -O que pensou de mim? Continuava. -Foi um sonho? Os seus pensamentos e incertezas não tinham fim e começaram a desgastá-lo.

Tinha uma certeza: a sua vida jamais voltaria a ser a mesma.


Os dias passaram e foi-lhe enviando mensagens, textos longos e cheios de palavras doces a mostrar-lhe a sua admiração por ela. Telefonava-lhe e, umas vezes atendia e outras ignorava-o; afinal ela não estava “só”, tinha outra pessoa na sua vida.

Ele já o sabia e a ideia não lhe agradava mas, ela era maravilhosa de mais para esquecer...
Dias mais tarde conseguiu novo encontro. Novo momento de magia. Ele chegou primeiro e, quando a viu, a sua presença transformou a noite fria num lindo dia de Primavera.

Pouco falaram e deram início a suaves carícias e beijos doces, fazendo pequenos jogos com as línguas quentes e húmidas. Delicioso!!

O calor das suas bocas aqueceu-os; acariciou-lhe o corpo, por cima das roupas. Sentia o seu tronco suave mas firme, moldado pela ginástica qe fazia diariamente; afinal, ela tinha crescido na linha de Cascais e toda a vida praticou desporto.

Ao acariciá-la e beijá-la, via os seus olhos revirarem-se em êxtase e a sua respiração ficar ofegante. Estavam ao rubro! Continuou a passar-lhe as mãos pelo seu corpo, acariciando-o e massajando-o; ela já não resistia, ainda assim, não avançaram. Havia pequenas “questões” para resolver.

Sendo certo que muito se desejavam, alguma vez concretizariam os seus desejos?
Ambos tinham problemas e obstáculos para ultrapassar. Ela tinha outra pessoa; ele não conseguia ultrapassar isso. -Partilhá-la com outro, nem pensar! Dizia para consigo. Dividido entre querer tê-la e não querer partilhá-la, havia uma luta constante dentro de si. Terrível e desgastante!!

Os dias foram passando e a vontade de a ter tornou-se insuportável. Até que, num dia, pela manhã, encontraram-se num local mais “privado”. A sua ansiedade era tanta e a confusão na sua cabeça também que, não se sentia “pleno” para ela.

Ao vê-lo tenso e nervoso, ajudou-o a descontrair e, com palavras sábias e doces, foi-lhe tirando a pressão de cima. Com a ajuda dos seus beijos, guiou-o para outra “dimensão”.

Por entre “Você”, inúmeros beijos e carícias, seguiu-se o que tanto desejavam e entregaram os seus corpos a uma deliciosa sinfonia romântica. Entrelaçaram-se num bailado divino, todos suados e muito quentes e permaneceram assim por várias horas.

No meio dos beijos muito doces e olhos revirados de êxtase, ela murmurava: -“os nossos corpos combinam tão bem...!” E se combinavam!! Parecia que se conheciam desde sempre. Melhor parecia impossível mas, ainda foi melhorando nas vezes que se seguiram, à medida que se iam conhecendo melhor. Ela era como um Porsche- potência e aceleração sem limites e muito fácil de conduzir.

Ele passou a chamar-lhe “Doce” e ela, carinhosamente, tratava-o por “miúdo”. Estava perfeito de mais...

Com o relógio sempre a correr, sem saber quando, ele sentiu vontade de lhe dizer “Amo-te!” mas, ela deixou de atender os telefonemas e não respondia às mensagens.




Ficava muito irritado, muito magoado! Sem saber o que se passava do outro lado, desesperava. –"Não me quer ver?" Pensava. –"Diga-me!" Achava normal ela não o querer ver mas, porque não lho dizia?

Após muito insistir, conseguiu vê-la e falar com ela. "Não está certo, sinto-me mal!" Disse-lhe. Ele entendeu-a; a situação não era a ideal.


Mais uma vez, frente-a-frente, tal como dois íman, os seus corpos atraíram-se tanto que não resistiram... Voltaram a envolver-se naquele bailado cada vez mais divinal. Ela fazia-o ir ao "Céu"- dizia ele; ela também conheceu "estrelas" nunca por si alcançadas até à data. Maravilhoso!!!

Ele já a amava muito e também lhe ficava no seu pensamento, dividindo-a e criando-lhe confusão.

As luas foram-se sucedendo e as cenas foram-se repetindo; momentos de amor e paixão intensos contrastavam com o silêncio e indiferença dela. Sempre que deixava de atender o telefone e responder às suas mensagens cravava-lhe facas no coração; era uma dor insuportável para ele.

Perante tão intensa dor e sem ver um final feliz, decidiu afastar-se dela; não a contactar mais. Era mais fácil não a contactar e nada saber dela do que saber que estava com o outro e que não o atendia nem lhe ligava. Pensou e fê-lo, ainda que com muito custo.

Uns dias passaram e, quando já estava mais calmo, menos magoado e mais habituado à distância, ela contactou-o e, com aquela voz doce, disse-lhe: "Tenho saudades tuas!"

Grande dilema em que ficou. Encontrar-se com ela significava reabrir todas as feridas; não o fazer significava perder o "Céu"... Decisão muito difícil, tendo a certeza que a dor que viria mais tarde seria enorme mas, também a felicidade que iria sentir o seria. Esperava que essa felicidade suavizasse a dor...

Mais uma vez, repetiram o bailado dos Deuses; numa tamanha intensidade de prazer que eram catapultados para outras dimensões. Sentiam-se ligados um ao outro mais que nunca. Se ele a amava loucamente, também ela sentia algo forte por ele; nem que fosse só desejo.

Começaram a encontrar-se mais, a fazer pequenos passeios, a fazer compras juntos, a tomar refeições à luz de velas- por insistência dela- "Nós merecemos", dizia. Perfeito!! Um sonho!! Tudo o que fazia com ela era maravilhoso, nem que fosse passear o cão ou lavar o carro...

Os dias dele passaram a resumir-se a momentos maravilhosos com ela e a dias negros e dolorosos longe dela, onde nada mais fazia sentido. Ela era a sua Lua, influenciando toda a sua vida. Esperava ansiosamente pelos seus telefonemas e mensagens; quando os recebia, parecia mesmo um "miúdo" de tão contente que ficava.

Esses acontecimentos começaram a ser cada vez mais raros e ele desesperava... Não a queria importunar e achava que ela não queria sequer ouvir falar dele mas, não resistia muito tempo sem a tentar contactar. Do outro lado não havia resposta, nada! Que dor dilacerante ele sentia!!! A mesma pergunta martelava-lhe na cabeça: "por que não me diz que não me quer ver?? " Era tão fácil, pensava.

A vida dele tornou-se uma enorme confusão, andava arrasado. De tempos a tempos conseguia chegar a ela; repetiam momentos maravilhosos mas, quando ele a deixava, o seu silêncio e indiferença repetiam-se. Tantas vezes que ele falou com ela, tantas vezes lhe pediu sinceridade, que o atendesse e dissesse "Não", só para ele se "localizar", ela assinava sempre muito bem, nunca cumpria.

Com este tratamento que ele achava "total desprezo" e falta de consideração, havia momentos em que o louco amor que sentia por ela dava lugar a qualquer coisa parecida com ódio.
Ele não a queria odiar, amava-a tanto que esse sentimento era impróprio mas, era o que estava a acontecer...

Onde iria parar esta situação?



Lutava consigo para a continuar a amar e para aguentar toda a situação; fazia promessas a si próprio que não a voltaria a contactar mas, cedia sempre. Estar com ela era "apenas" a melhor coisa do mundo!! Como podia passar sem isso??

Continuou a contactá-la, repetiram-se as sensações de "dèjá vu"... Que vida! Era demasiado violento para ele; nada na sua vida o havia preparado para aquela situação. Amar loucamente uma mulher, ter que dividi-la e, como se não bastasse, aguentar a sua indiferença e desprezo... Dilacerante! Que mal tinha feito para merecer aquilo? Pensava.

Por diversas vezes teve longas conversas com ela, revelando-lhe a sua maneira de pensar, as suas incertezas, o seu sofrimento e via nela compreensão, algum sofrimento por ele, talvez pena. Certo é que quando se encontrava com a sua "Deusa" ficava mais calmo e sem dúvida, muito mais feliz. Sempre maravilhoso estarem juntos, sempre!

Era sol de pouca dura, ainda assim, começou a perceber um pouco o lado dela, percebeu que também tinha problemas- estava dividida e não achava justo o que estava a fazer. Isso fê-lo acalmar-se mais.

Foi num desses tempos de "calmaria" que ela foi de férias para a praia. Foram-se contactando e falaram "apaixonadamente". Estavam em grande harmonia... Nas conversas que tiveram ela falava das coisas que pretendia fazer com ele; ir à praia, fazer passeios a diversos locais bonitos do país; desfrutarem mais do prazer da companhia um do outro...


Após uma dessas conversas, seguiu-se mais um doloroso e estranho silêncio. Mais um rude golpe! Momentos insuportáveis se seguiram- sempre a mesma pergunta: "Porquê?" Porque voltou ela a fazer o mesmo? Não queria acreditar; ficou mais revoltado que nunca- ela já lhe tinha prometido que não o voltaria a fazer.


Lutou consigo para não a contactar mas, ao fim cinco dias não aguentou mais; tinha que saber o que se passava. Mandou mensagem mas, sem resposta. Mais uma vez! Ficou louco de raiva, muito revoltado. No dia seguinte, logo pela manhã, iniciou uma "maratona" para a contactar; só o conseguiu à tarde.


Ela atendeu com uma voz diferente do normal, pareceu-lhe mais "fria". Após breve conversa, ela disse-lhe para deixar de a contactar. Bombástico! Não estava à espera; depois de ser ele tantas vezes a dizer que não a contactava mais, era ela que o dizia pela primeira vez. A sua única reacção foi dizer: "Tem umas boas férias".


Desligou e caíu numa tristeza enorme.... pareceu-lhe que o mundo tinha acabado.




Sentia que tinha perdido para sempre a única razão da vida. Sempre tivera a certeza que aquele "romance" iria terminar um dia, até achava "natural" devido à situação mas, agora que o momento havia chegado ... era muito pior do que imaginara.

Nos dias seguintes, cuidou das feridas pensando no enorme sofrimento e desespero que ia deixar de sentir por não receber mais a "indiferença" dela; tentou desvalorizar os momentos divinos que não voltaria a ter.

As semanas foram passando e as feridas foram fechando. Mente inquieta e inquiridora, não conseguia deixar de pensar: o que tinha acontecido para ela tomar esta atitude?
Nesses dias, sempre com essa pergunta na cabeça, começou a olhar para o passado e a ver as coisas de outra forma. Concluía que tinha sido apenas um divertimento, uma "viagem" para ela.
Não a condenava por isso, afinal não a podia obrigar a sentir o mesmo que ele mas, uma coisa revoltava-o: onde estava a amizade??

Tantas vezes haviam falado dela, tantas vezes ele sentiu muito mais que isso no seu olhar e na forma como o tratava e recebia... Ela recebia-o tão bem, tão carinhosamente, com tanta intensidade... seria fingido? Não podia ser! Ninguém conseguiria fingir assim- pensava. Não ficou nenhuma amizade??

Três semanas se passaram desde o último contacto. Tinha que esclarecer aquelas dúvidas; não podia ficar na incerteza e permanecer eternamente a pensar mal dela. Não podia ficar a odiá-la sem saber porquê.

Com receio da sua reacção e sem querer desrespeitá-la, fez um contacto tímido ao que ela respondeu com um rasgado "Olá!!!!". Sem rodeios ou floreados, pediu-lhe se respondia à pergunta que tanto o atormentava- o que tinha acontecido?
A resposta não o surpreendeu- o outro havia-se decidido a viver com ela. Estava esclarecido. Mais uma vez ela tentou resolver um problema com o silêncio, mais uma vez foi a pior decisão possível.

Ele não a queria importunar mais; sugeriu-lhe que apagasse os seus contactos, ele ia fazer o mesmo. Foi então que ela lhe disse que tal não era necessário, poderiam continuar amigos e trocar correspondência. Concordou. Além do amor que lhe tinha, tinha-lhe uma enorme amizade e sentia-se bem a falar com ela. Sê feliz- disse-lhe.

Durante a troca de palavras ambos disseram que haviam sentido muitas saudades um do outro; as suas vidas jamais seriam iguais... Grande verdade! Estavam gravados na pele um do outro e, nada seria igual ao que era antes de se conhecerem. Experimentaram experiências e sensações de outro mundo, impossíveis de traduzir por palavras; nem o grande Fernando Pessoa o conseguiria descrever, acreditem.

Como iriam agora fazer? Como se iriam contactar? Que termos usariam nas suas conversas?

Mais uma vez parecia que estava tudo esclarecido entre ambos e que a amizade prevaleceria sobre qualquer "problema". Pela primeira vez acreditava no que ela lhe disse em relação aos seus sentimentos por si. Estava em paz!
Dias depois, ela convidou-o a encontrar-se com ela: "Queres encontrar-te com a tua amiga?" Claro que queria. Já tinha feito um mês que não a via; queria falar com ela mais calmamente e aceitou. Ia como amigo, sem qualquer ideia noutro sentido. Estava decidido a respeitar a decisão dela.

Quando a viu, foi recebido com "aquele" olhar- que saudades !! Pensou sem tecer qualquer comentário. Além do brilho habitual, notou outra coisa nos seus olhos. Pareceu-lhe já ter visto aquele olhar em momentos mais "intensos"... Estava linda !!

Sentaram-se e ficaram frente-a-frente a falar, como amigos, esclareceram o que havia para esclarecer e a saudade começou a falar mais alto, sentia-se no ar qualquer "coisa" já conhecida de ambos, ainda assim, ele manteve-se "frio", respeitador.

Sem avisar, atirou-se para cima dele e envolveu-o num doce e demorado beijo- "Não te resisto"- disse-lhe ao ouvido. Estavam os dois com tantas saudades...

O que se seguiu foi mais uma vez o "tal" bailado; mais intenso ainda! Ele sentia-a mais próxima de si do que nunca. Ela murmurava-lhe: "Como vou passar sem isto?" e continuaram por longo tempo. Completamente exaustos, adormeceram nos braços um do outro.
Como continuariam as suas vidas?

Fim!
(O autor não tem imaginação para continuar esta história; que a continue o leitor...)


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O anel (autor desconhecido)


Um aluno chegou junto do seu Professor com um problema:
- Venho aqui, Professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?


O Professor, sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas agora não posso ajudá-lo. Devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois. E fazendo uma pausa falou:
- Se você me ajudar, eu posso resolver meu problema com mais rapidez e depois talvez possa ajudar você a resolver o seu.


- Claro, professor, gaguejou o jovem, mas se sentiu outra vez desvalorizado.
O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno, deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Deve vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida.


É preciso que obtenha pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível. O jovem pegou o anel e partiu.
Mal chegou ao mercado começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel.


Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saiam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel.


Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a jóia a todos que passavam pelo mercado e abatido pelo fracasso, montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação de seu professor e assim podendo receber sua ajuda e conselhos.


Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
Importante o que me disse meu jovem, contestou sorridente. Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro.


Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vender o anel e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem foi até ao joalheiro e lhe deu o anel para examinar.


O joalheiro examinou o anel com uma lupa, pesou o anel e disse:
- Diga ao seu professor que, se ele quer vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.
- 58 MOEDAS DE OURO! Exclamou o jovem.
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo eu poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente...


O jovem correu emocionado a casa do professor para contar o que correu.
- Senta, disse o professor e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. Só pode ser avaliada por um especialista. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor?


E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
Todos nós somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Puro Prazer!

Nesta vida, muitos são os prazeres possíveis; muitos mais do que alguém consegue alcançar, por muito "rica" que seja a sua vida.

Há prazeres de vários tipos; podem ser o simples contemplar uma "coisa" bela, ouvir uma música, estar com alguém que nos agrade, satisfazer uma necessidade fisiológica, praticar desporto, dançar, comer, etc.... São incontáveis!

Não desvalorizando todos os "prazeres" que conheço nem aqueles que ainda não "experimentei", há um que me é muito especial e "querido"; um que me enche, preenche, revigora, vicia... Considero-o tão grande e forte que não o consigo descrever por palavras; não estou a exagerar.
Imaginar a vida futura sem determinados "prazeres", é duro; imaginá-la sem este....... é catastrófico, é o fim!
Motos! Andar de modo é das melhores sensações que já experimentei! Não é comparável com outras, nomeadamente o orgasmo mas, posso garantir, é muito mais duradora. A presença da moto, "per si", já é um enorme prazer; vê-la, admirá-la, tocar-lhe, é maravilhoso.
Quando subimos no seu "dorso" e colocamos o motor a trabalhar, é sempre música para os ouvidos, é sempre alimento para a alma. Por muitas vezes que se faça é sempre mágico!

Podemos desfrutar deste prazer de diversas formas, consoante o tipo de moto.

Uma moto "calma", tipo "Chopper", com a sua posição de condução direita, permite rodar a baixas velocidades e apreciar a paisagem. O capacete aberto e os imprescindíveis óculos, deixam a brisa acariciar-nos a cara...... delicioso!! Em cima dela sentimo-nos livres, libertamo-nos do stress esquecemos do preço da gasolina. O que pode ser mais relaxante que, numa amena manhã de Primavera, dar um passeio pelas paisagens de Sintra ou pela marginal de Cascais?


Para os dias que nos sentimos com mais energia, podemos conduzir uma moto "racing". Brutal! Aqui ficamos muito longe daquela sensação calma e relaxante da "Chopper"; aqui a adrenalina invade-nos todas as células... Maravilhoso!!

Com motores de elevada potência e rotação, acelerar é viciante. O som dos motores "aquece-nos" e acelera o ritmo cardíaco. Sentir nos pulsos toda a sua potência é sentirmo-nos pequenos ao pé delas.

Estas motos exigem de nós toda a concentração, ainda assim, não as achamos "egoístas"; é maravilhoso fazer parte daquele conjunto homem - máquina.

Parar num semáforo e, quando cai o verde, acelerar generosamente significa ouvir chiar o pneu de trás, lutar com a roda da frente que teima em levantar e sentir uma enorme "mão" que nos puxa para trás; é fazer em poucos segundos o percurso que os "enlatados" fazem em minutos. Significa atingir rapidamente velocidades vertiginosas que, se tudo correr bem, terminam numa travagem violenta, em que a "mão" puxa-nos para a frente; em que os nossos pulsos teimam em ceder... Perigosamente delicioso!

Com tanta potência debaixo de nós, não resistimos a uma boa estrada ou AE; escondemo-nos por detrás da diminuta "carenagem" e fundimo-nos com a máquina num só corpo.

Desligamo-nos da paisagem circundante e vemos a estrada correr debaixo de nós; vemo-la "afunilada" e a terminar num ponto imperceptível. O som do escape desaparece e passamos a ouvir uma "zoada" criada pelo vento que insiste em empurrar-nos para trás...

Melhor só quando surge uma curva larga, que permite manter a velocidade elevada e inclinarmo-nos tanto que o asfalto toca no pousa-pés e quase nos toca no joelho... a adrenalina flui a litros. Nada mais existe. A concentração é total.

Ainda que por breves segundos, ir naquela posição de "queda" e de ausência de peso é... maravilhoso! Ao endireitarmos a moto no fim da curva e "ver" que não caímos, somos invadidos por uma enorme sensação de alegria e seguimos para a próxima curva... (Queria fazer aqui um parentesis: há curvas e situações durante a condução que nos fazem prender a respiração- só a retomamos depois de... passarem.)

Andar de moto e de carro a altas velocidades não tem nada a ver. Por muito rápido e potente que seja o carro, nunca proporcionará as mesmas sensações que a moto. Nesta, há uma maior interacção com a máquina, com os elementos da natureza e temos mais consciência da nossa fragilidade. Uma moto "fraca" proporcionará mais "adrenalina" que um carro muito potente. Garanto!

Deixando as "Choppers" e as "Racings", há ainda outro "mundo" muito interessante- as todo-o-terreno. Com velocidades muito mais reduzidas e nada "relaxantes", estas motos também "dão" muita adrenalina a quem as "monta". Aqui a palavra montar faz muito sentido pois, estas motos são muito "irrequietas", fazendo lembrar um mustang selvagem.

As primeiras mencionadas permitem um condutor "cansado", estas exigem um condutor em muito bom estado físico. As características das motos são diferentes e também o é o "solo" que pisam. Aqui "roda-se" em terra, mais dura ou mais arenosa, com mais ou menos buracos, com pó ou com lama.

É maravilhoso! Ouvir um motor dois tempos a "gritar", a roda de trás a atirar terra e pedras a metros de distância e a roda da frente a levantar a cada passagem de caixa... violento mas viciante.

Aqui, nestas motos, as suas reacções são múltiplas e simultâneas, quase sempre inesperadas. Exigem muita técnica e perícia!! Muitas são as vezes que nos derrubam!!

O mundo das motos é maravilhoso mas, muitas vezes incompreendido e "perseguido". É perigoso- onde não há perigo? Alguns "motards" são "intratáveis"- onde não existem pessoas assim? Enfim...

Uma coisa posso afirmar: muitos acidentes evitavam-se não diminuindo a velocidade das motos mas, aumentando a atenção e civismo dos condutores de automóveis. Sobre este assunto, encheria vários posts com exemplos...


Boas "curvas"!





Que bem q se está aqui.....

Foi obra!!! (as pirâmides)