Nesta vida, muitos são os prazeres possíveis; muitos mais do que alguém consegue alcançar, por muito "rica" que seja a sua vida.
Há prazeres de vários tipos; podem ser o simples contemplar uma "coisa" bela, ouvir uma música, estar com alguém que nos agrade, satisfazer uma necessidade fisiológica, praticar desporto, dançar, comer, etc.... São incontáveis!
Não desvalorizando todos os "prazeres" que conheço nem aqueles que ainda não "experimentei", há um que me é muito especial e "querido"; um que me enche, preenche, revigora, vicia... Considero-o tão grande e forte que não o consigo descrever por palavras; não estou a exagerar.
Imaginar a vida futura sem determinados "prazeres", é duro; imaginá-la sem este....... é catastrófico, é o fim!
Motos! Andar de modo é das melhores sensações que já experimentei! Não é comparável com outras, nomeadamente o orgasmo mas, posso garantir, é muito mais duradora. A presença da moto, "per si", já é um enorme prazer; vê-la, admirá-la, tocar-lhe, é maravilhoso.
Quando subimos no seu "dorso" e colocamos o motor a trabalhar, é sempre música para os ouvidos, é sempre alimento para a alma. Por muitas vezes que se faça é sempre mágico!
Podemos desfrutar deste prazer de diversas formas, consoante o tipo de moto.
Uma moto "calma", tipo "Chopper", com a sua posição de condução direita, permite rodar a baixas velocidades e apreciar a paisagem. O capacete aberto e os imprescindíveis óculos, deixam a brisa acariciar-nos a cara...... delicioso!! Em cima dela sentimo-nos livres, libertamo-nos do stress esquecemos do preço da gasolina. O que pode ser mais relaxante que, numa amena manhã de Primavera, dar um passeio pelas paisagens de Sintra ou pela marginal de Cascais?
Para os dias que nos sentimos com mais energia, podemos conduzir uma moto "racing". Brutal! Aqui ficamos muito longe daquela sensação calma e relaxante da "Chopper"; aqui a adrenalina invade-nos todas as células... Maravilhoso!!
Com motores de elevada potência e rotação, acelerar é viciante. O som dos motores "aquece-nos" e acelera o ritmo cardíaco. Sentir nos pulsos toda a sua potência é sentirmo-nos pequenos ao pé delas.
Estas motos exigem de nós toda a concentração, ainda assim, não as achamos "egoístas"; é maravilhoso fazer parte daquele conjunto homem - máquina.
Parar num semáforo e, quando cai o verde, acelerar generosamente significa ouvir chiar o pneu de trás, lutar com a roda da frente que teima em levantar e sentir uma enorme "mão" que nos puxa para trás; é fazer em poucos segundos o percurso que os "enlatados" fazem em minutos. Significa atingir rapidamente velocidades vertiginosas que, se tudo correr bem, terminam numa travagem violenta, em que a "mão" puxa-nos para a frente; em que os nossos pulsos teimam em ceder... Perigosamente delicioso!
Com tanta potência debaixo de nós, não resistimos a uma boa estrada ou AE; escondemo-nos por detrás da diminuta "carenagem" e fundimo-nos com a máquina num só corpo.
Desligamo-nos da paisagem circundante e vemos a estrada correr debaixo de nós; vemo-la "afunilada" e a terminar num ponto imperceptível. O som do escape desaparece e passamos a ouvir uma "zoada" criada pelo vento que insiste em empurrar-nos para trás...
Melhor só quando surge uma curva larga, que permite manter a velocidade elevada e inclinarmo-nos tanto que o asfalto toca no pousa-pés e quase nos toca no joelho... a adrenalina flui a litros. Nada mais existe. A concentração é total.
Ainda que por breves segundos, ir naquela posição de "queda" e de ausência de peso é... maravilhoso! Ao endireitarmos a moto no fim da curva e "ver" que não caímos, somos invadidos por uma enorme sensação de alegria e seguimos para a próxima curva... (Queria fazer aqui um parentesis: há curvas e situações durante a condução que nos fazem prender a respiração- só a retomamos depois de... passarem.)
Andar de moto e de carro a altas velocidades não tem nada a ver. Por muito rápido e potente que seja o carro, nunca proporcionará as mesmas sensações que a moto. Nesta, há uma maior interacção com a máquina, com os elementos da natureza e temos mais consciência da nossa fragilidade. Uma moto "fraca" proporcionará mais "adrenalina" que um carro muito potente. Garanto!
Deixando as "Choppers" e as "Racings", há ainda outro "mundo" muito interessante- as todo-o-terreno. Com velocidades muito mais reduzidas e nada "relaxantes", estas motos também "dão" muita adrenalina a quem as "monta". Aqui a palavra montar faz muito sentido pois, estas motos são muito "irrequietas", fazendo lembrar um mustang selvagem.
As primeiras mencionadas permitem um condutor "cansado", estas exigem um condutor em muito bom estado físico. As características das motos são diferentes e também o é o "solo" que pisam. Aqui "roda-se" em terra, mais dura ou mais arenosa, com mais ou menos buracos, com pó ou com lama.
É maravilhoso! Ouvir um motor dois tempos a "gritar", a roda de trás a atirar terra e pedras a metros de distância e a roda da frente a levantar a cada passagem de caixa... violento mas viciante.
Aqui, nestas motos, as suas reacções são múltiplas e simultâneas, quase sempre inesperadas. Exigem muita técnica e perícia!! Muitas são as vezes que nos derrubam!!
O mundo das motos é maravilhoso mas, muitas vezes incompreendido e "perseguido". É perigoso- onde não há perigo? Alguns "motards" são "intratáveis"- onde não existem pessoas assim? Enfim...
Uma coisa posso afirmar: muitos acidentes evitavam-se não diminuindo a velocidade das motos mas, aumentando a atenção e civismo dos condutores de automóveis. Sobre este assunto, encheria vários posts com exemplos...
Boas "curvas"!