sábado, 19 de julho de 2008

O silêncio da noite- dois mundos


Numa amena noite de verão, caminho por uma rua asfaltada, estreita e inclinada, onde a iluminação é escassa, vislumbro ao longe um vulto. O que será? Talvez um caixote do lixo. Uns passos adiante, não, não é um caixote, parece uma pessoa. Estará por bem? Estará por mal? Volto para trás? Nisto, sou distraído por um grande alarido, esqueço-me do que tinha à frente e concentro-me naquele ruído. Prossigo a marcha e vejo um grupo de pessoas que vêm do lado de onde ouvi o barulho. Começam a correr, aos gritos. Parei. Será para mim? Passaram. Era um grupo de jovens africanos. Ufa! Não me ligaram! Continuo o meu caminho. Lá está a tal pessoa (ja me tinha esquecido); parece uma mulher. Mais à frente, sim, é mesmo uma mulher. Estou curioso. Será bonita? Caminho com mais interesse, quero aproximar-me. A luz já é melhor, e vejo que tem cabelo comprido, figura esbelta, salto alto, roupa justa. Ui, que mulher!Quando estou a passar por ela, diz-me: "Olá, tens um cigarro?" Porrrraaaaaaaa!!! É um travesti!! Desiludido, continuo a andar, quero ir beber um copo, quero divertir-me um pouco. Sigo em direcção à baixa. Ao longe, ouço sirenes, buzinas, pessoas que gritam, carros que passam a alta velocidade.... Não. Não vou. Estou cansado, vou para casa.

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Numa amena noite de verão, caminho por uma vereda, as pedras soltas fazem-me tropeçar, as estevas embaraçam-se nas minhas pernas. O céu tem muitas estrelas e a lua está crecente mas ainda pequena. Ao longe vejo um vulto. O que será? Será um animal? Uma pessoa? O meu avô falou-me uma vez que havia "aparecidos"....... Nãaaaa. Parvoíce. Deve ser um animal. Continuo a andar, apreensivo. Subitamente, ouço um ranger prolongado. Que susto! Foi uma pinha a abrir. Vou-me aproximando do vulto; parece-me uma pessoa. Mas, está sempre sem se mexer... Que estranho. Ai se tivesse aqui a caçadeira!! Passo a passo, chego junto do misterioso vulto. É um carrasqueiro. Ufa!! Em redor ouço os grilos e o coaxar das rãs. A brisa abana ligeiramente a copa das árvores. Descontraio. Que paz! Que bem que se está aqui!! Tive uma ideia. Vou até junto da barragem (de Montargil). O luar reflete nas águas paradas. Aqui e ali salta um peixe, deixando atrás de si anéis incontáveis que desaparecem na escuridão. Os morcegos sulcam o céu caçando insectos. Tenho um desejo súbito. Atiro-me à água; está morna. Deixo-me flutuar de costas e olho as estrelas. Relaxo, aprecio, saboreio cada sensação, cada momento. Quero parar o relógio. Quero ficar aqui eternamente.....
C N
10/07/2008

3 comentários:

Pita disse...

Caro companheiro, amigo,
Foi com alguma surpresa e grande contentamento que li estas tuas palavras!!!
Ficarei à espera de mais!

Um grande abraço.

Paulo Pita

Unknown disse...

olá cachopo,
faço das palavras do Paulo as minhas...
Beijocas da prima
Ivone

KING SOLOMON disse...

Pois é, caros amigos/familiares, neste mundo é preciso dar e receber; eu já dei umas palavritas e vós destes os elogios, convido-vos agora a inverter os papeis, para que também eu possa fazer os comentários. Criei este blog com o objectivo de fazer uma troca de conhecimentos e ideias; debater assuntos, rejubilarei se vir aqui muitos textos vossos.


Que bem q se está aqui.....

Foi obra!!! (as pirâmides)